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TÍTULO

O papel do arquitecto e do urbanista no Terceiro Mundo.

Os arquitectos e os urbanistas do Terceiro Mundo, e em particular da África ao Sul do Sahara, trabalham em condições que são substancialmente diferentes das condições de trabalho dos arquitectos e urbanistas do mundo industrializado ou desenvolvido.
As dimensões e a natureza dessas diferenças são, normalmente, medidas por indicadores económicos e sociais. Muito raramente podemos encontrar referencias às mudanças culturais e aos conflitos que, na nossa região, determinarão, inescapávelmente, novas estratégias e novas soluções para a forma das cidades e para a sua expressão arquitectónica.
Necessitamos uma nova estratégia para resolver a inevitável ruptura com as tradições técnicas e formais e com o legado colonial pois que ambos esses sistemas não respondem agora às novas ambições culturais e materiais dos povos da nossa região.

A adopção sistemática de valores e de formas importados de outras culturas, sociedades, climas e ambientes técnicos criaram, e continuam a criar aberrações, e a impor uma disciplina espacial e uma arquitectura que, em muitos casos, agrava as já dramáticas condições de vida da população urbana.
O nosso papel como arquitectos e urbanistas no Terceiro Mundo é, primariamente, o de aprofundar a compreensão das características económicas, sociais e culturais da nossa sociedade, ou sociedades, e das suas dinâmicas de transformação a fim de encontrar as soluções mais adequadas e necessariamente novas para os problemas espaciais e da construção.

As condições políticas, sociais, económicas e ambientais na África ao Sul do Sahara são bem conhecidas. Pequenos ajustamentos e actualizações são desnecessários para termos uma visão clara da situação. Devemos contudo precaver-nos contra generalizações fáceis pois que, dentro da região, existem enormes diferenças materiais e culturais entre os seus povos.

As condições culturais na região são menos conhecidas, compreendidas e consideradas.
O caracter dinâmico das recentes transformações na região, e suas consequências, são únicos tanto no seu âmbito como na velocidade com que grandes massas de população se transferem duma situação pré-industrial e tribal para o mundo dos valores materiais e da tecnologia da idade da comunicação.

As características ambientais e os frágeis ecossistemas ameaçados da região são realidades que o planificador e o arquitecto devem conhecer em profundidade e considerar como uma das suas maiores preocupações, na determinação das suas opções técnicas.
Nas circunstâncias presentes essas opções não são apenas extremamente limitadas mas elas podem afectar directamente o precário equilíbrio ecológico.
Escolhas erradas de materiais e de tecnologias, planeamento do uso da terra menos atento e projectos mal concebidos para o local ou para o clima têm impactos negativos e imediatos difíceis de contrabalançar, ou de corrigir, dentro das nossas desastrosas economias e das nossas dificuldades técnicas.

ASSINATURA

ANO

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